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15 agosto, 2007

Lendas e Mitos do Folclore Brasileiro

A MULA-SEM-CABEÇA
É noite de quinta para sexta-feira. O viajante assustado se apressa para chegar ao seu destino. Ele sabe que é noite da Mula-sem-cabeça, bicho amaldioçado, que ataca a tudo e a todos.
Diz a lenda que as mulas-sem-cabeça são mulheres que mantêm casos amorosos com padres católicos, nas cidades do interior do Brasil, e como castigo recebem esta terrível sina.
A mula, que corre sete cidades quando se transforma, ataca sem piedade tudo o que vê pela frente. Ao final da corrida, já de madrugada, cansada e toda ferida, volta a ter sua antiga forma: de mulher.
O encanto só pode ser quebrado por quem lhe causar um ferimento que derrame sangue, mas é necessário que ambos, o homem e o bicho, lutem entre si.
A mula pode ser um animal negro, com uma cruz de cabelos brancos; pode soltar fogo pela cauda e pde carregar um freio ferozmente mastigado na boca espumante de sangue. Em todos os casos, porém, é castigo de amante de padre.

O LOBISOMEM
É noite de quinta para sexta-feira. Uma chuva fina cai sobre a cidade deserta e um vento forte sopra sobre suas ruas. Um homem caminha depressa pelas ruas mal-iluminadas. Ao ouvir um estranho ruído, apressa ainda mais o passo. Porém, sente que está sendo observado.
Completamente apavorado, começa a correr. Na esquina vê um vulto escuro. Sentindo que está prestes a se tornar sua vítima, grita por socorro. Mas de nada adianta. Desesperado, cai de joelhos ao chão e com os olhos cheios de lágrima vê a criatura atacar. Com uma dentada no pescoço, o Lobisomem suga seu sangue. Seu corpo fica inerte no chão.
Meio bicho, meio gente, a besta sai em disparada para atacar outras possíveis vítimas. Quando o galo começa a cantar, o Lobisomem retoma a sua condição anterior: volta a ser homem, cansado e com os cotovelos cobertos de sangue.
Isolado, fica aguardando a próxima oportunidade em que voltará a atacar suas vítimas.

O CURUPIRA
Dentro da floresta, num rio sinuoso, uma canoa segue com seus passageiros: são pescadores, caçadores ou simples viajantes. Os únicos sons que se ouvem são os dos remos batendo nas águas e o alegre canto dos passarinhos.
De repente, ouvem-se pancadas que parecem vir de longe. É o Curupira testando se as árvores resistirão à tempestade e avisando aos habitantes da floresta sobre a tormenta que se aproxima. Ele é um estranho ser que protege a floresta e todos os animais que nela vivem. É pequeno, coberto de pêlos, olhos vermelhos, unhas azuis e pés virados para trás.
Ai daquele que matar ou tentar caçar animais pequenos e fêmeas, derrubar árvores ou judiar das plantas. Para estes, o Curupira reserva castigos terríveis.
Para defender a natureza, o Curupira ataca seus inimigos e os castiga de diversas maneiras: faz com que se percam na floresta ou os engana parecendo ser uma caça.
Porém, o Curupira não é só terror. Ele não persegue aquele que caça por necessidade, mas além de exigir presentes, pede segredo absoluto.

VITÓRIA-RÉGIA
Diz-se que nas noite de luar a Lua desce à Terra para se casar com uma índia.
Esta crença existia na época em que as nossas terras eram povoadas por tribos indígenas, onde o masculino e o feminino não existiam como figuras determinadas nas lendas indígenas. A Lua, para eles, era um guerreiro audacioso, valente, forte e belo. As jovens índias queriam conquistar o seu amor para se transformarem em estrelas no céu.
Houve uma índia chamada Naiá, que sonhava com esse maravilhoso guerreiro. Passava as noites observando o luar, fascinada com seus raios que banhavam seu corpo, parecendo os braços forte do amado. Muitas vezes Naiá corria pelos campos, com os braços estendidos, tentando alcançar a Lua, mas jamais conseguia.
Certa noite ,doente de paixão, Naiá viu surgir com todo esplendor a Lua refletida nas águas de um rio. Não pensou 2 vezes:imaginando que o amado aparecia para atender aos seus chamados , Naiá atirou-se em seus braços e acabou morrendo no fundo do rio.
A Lua , por sua vez ficou com pena de tamanha tragédia que, ao invés de transformar a pobre moça numa estrela , achou melhor transformar a indiazinha em uma flor tão bela quanto imensa.
Assim é que, transformada em Vitória -Régia , Naiá aguarda todas as noites seu guerreiro amado, e quando a Lua surge , abre suas enormes pétalas oferecendo sua corola para receber os raios prateados do amado.

MANDIOCA
Há muitos anos, uma jovem índia deu à luz a um lindo menino, muito branco, a quem deu o nome de Mani. Sua gravidez foi solitária porque seu pai, o chefe da tribo, nunca a perdoou por ter engravidado de uma maneira que ela não soube explicar. A indiazinha foi expulsa de sua tribo.
Quando Mani nasceu, logo encantou a todos com sua graça e beleza. Até o velho avô caiu de amores pela pequena criança.
Porém, quis o destino que Mani partisse muito depressa, ainda bem novo. A tristeza tomou conta da aldeia. Sua mãe foi quem mais sofreu com a perda do filhinho. Chorou dias e dias no local onde Mani fora enterrado. Passado algum tempo, os moradores da tribo perceberam que começou a brotar uma raiz marrom-escuro por fora e muito branca por dentro e resolveram experimentá-la. Era uma maneira de homenagear Mani. Foi quando a mandioca passou a ser uma fonte de alimentação muito importante para todas as comunidades indígenas.
Mani : era o nome do indiozinho
oca : aca, em forma de chifre.

O Guaraná
Um casal de índios Maués vivia muito feliz em sua tribo e achavam que sua felicidade seria completa no dia que fossem abençoados com a vinda de um filho. Tupã decidiu atender as preces do jovem casal, fazendo com que a jovem índia em breve se tornasse mãe de um esperto e saudável menininho.
Havia um Deus, Jurupari, que se mordia de inveja da pequena criança, tão linda e amada por Todos. Um dia,, entrando na floresta, a criança não resistiu à picada de uma terrível serpente e morreu. Jurupari, disfarçado de terrível cobra, pode endim ver seu seu terrível plano consumado. Uma forte onda de tristeza abateu-se sobre toda a aldeia, enquanto caía repentina tempestade.
A mãe do indiozinho, no auge de sua tristeza, entendeu que todos aqueles trovões eram ordens de Tupã e que os olhos do pequeno ser deveriam ser plantados, para que uma nova planta surgisse. E assim foi feito. No lugar onde os olhos do indiozinho foram plantados nasceu o guaraná, fruto cujas sementes lembram os olhos humanos, e de onde se extrai um xarope aromático e muito saboroso.
Guará : ser humano na : que se parece com

O NEGRINHO DO PASTOREIO
Um fazendeiro muito rico e avarento vivia nos pampas do Rio Grande do Sul.
Somente três coisas despertavam seu interesse : seu filho, maldoso como ele, um cavalo baio e um pequeno escravo, Negrinho, que se considerava afilhado da Virgem Nossa Senhora.
Certo dia, um vizinho fez-lhe um desafio: provar numa corrida de cavalos qual possuia o melhor cavalo.
Por ordem do fazendeiro, o negrinho iria montar seu cavalo. A largada foi dada e no final da corrida o avarento fazendeiro viu seu baio perder. Aquilo foi demais para seu orgulho, e resolveu castigar o pobre menino, amarrando-o a um poste e surrando-o com um chicote.
Ainda não satisfeito, ordenou que o pobre garoto passasse 30 dias sozinho pastoreando 30 cavalos. Cansado e ferido pelas chicotadas, o menino seguiu seu caminho e acabou adormecendo. Porém, ao acordar, percebeu que os cavalos tinham sido roubados.
O filho do fazendeiro correu para contar ao pai, que novamente repetiu o castigo e ditou que procurasse o que perdera.
Recorrendo a sua Santa Madrinha, o Negrinho partiu em busca dos cavalos com uma vela na mão. Conforme a cera da vela derretia, os pingos que caiam no chão iluminavam seu caminho. Acabou encontrando a tropa de cavalos e seguiu levando-a de volta para casa.
Porém, ao adormecer, novamente o filho do fazendeiro espantou os cavalos.
Em casa o maldoso fazendeiro surrou o pobre menino e o amarrou preso a um formigueiro. Passados três dias, foi ver como o negrinho estava. Ficou muito surpreso ao ver que o menino se encontrava em pé sobre o formigueiro, acompanhado do cavalo baio e dos demais e pela Virgem Nossa Senhora, que zelava por seu afilhado. Apavorado, o homem caiu de joelhos diante do Negrinho, que saiu em disparada com seu cavalo baio pastoreando a tropa.
Até hoje dizem que quem perder qualquer coisa deve acender uma vela à Virgem Nossa Senhora que faz com que o Negrinho enconte o objeto perdido.
Se ele não encontrar, ninguém mais o encontrará.

IARA
Sentado à beira de um rio, um solitário pescador, com suas manobras para pegar o peixe, escuta despreocupado o agradável som do leve bater do vento sobre as folhas das árvores.
De repente, ouve um canto sedoso e o barulho de um corpo caindo na água. Sabendo que não existe ninguém pelas redondzas, tem a certeza da presença de uma figura que, ao mesmo tempo, além de ser bela, é terrível. Foge desesperadamente, com medo de encontrar Iara. Ele conhece o destino de quem atende ao seu chamado: totalmente encantados por sua figura, os pobres homens se deixam arrastar para as profundezas do rio, tendo como único destino a morte. Iara surge nos rios chamando os homens para amá-la em seu reino. Dizem que seus corpos são encontrados após alguns dias, com a boca dilacerada pelas piranhas - marcas dos beijos de Iara. Pobre dos homens! Se as mulheres o Boto ama, os homens a Iara mata.

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